quarta-feira, 4 de abril de 2012

Max Ernest

            Ernst (1891 - 1976) perdura como uma forte e influente figura das artes visuais do século XX. A exposição possibilita examinar alguns temas de sua obra. O que caracteriza a arte de Ernst, acima de tudo, são as mudanças abruptas de direção e uma atitude de rigorosa autocrítica. Com a constante transformação de suas imagens e técnicas ele expressa o desejo de recompor os tumultuosos eventos que presenciou durante a primeira metade do século XX.
            As primeiras obras de Ernst, na mostra, são as suas pinturas-colagens, das quais a “Two Children are threatened by a Nightingale” (Duas Crianças Ameaçadas por um Rouxinol), aparenta ser a mais complexa. Estas são seguidas por uma sala dedicada à sua série de pinturas murais, recuperadas da casa do poeta surrealista Paul Eluard, no distrito de Eaubonne, em Paris. Foram produzidas em 1923, dentro do trabalho poético conjunto realizado pelos dois artistas - “Les Malheurs des Immortals” (O Mal dos Imortais). As pinturas entitulam-se “The Birds Cannot Disappear” (Os Pássaros Não Podem Desaparecer), “At the First Clear Word” (Na primeira Palavra Clara) e “Friendly Advice” (Conselho de Amigo).
            A exposição também inclui muitas das suas obras com técnicas comofrottage e grottage, iniciadas em 1925. Frottage consiste em colocar papel sobre uma superfície e esfregá-lo com grafite preto; na grottageele aplica camadas de tinta, a mais escura por último, e as raspa para revelar a tinta mais clara. Ele aplicava incontáveis camadas de cores escuras, e então, para criar cores excepcionais em seus quadros, as raspava revelando o branco brilhante da tela. Rembrandt costumava usar técnica semelhante.
Ernst desenvolveu estas técnicas em suas visionárias obras “Forests” (Florestas), “Cities” (Cidades), “Entire Cities” (Cidades Inteiras) e no seu “Monument to the Birds” (Monumento aos Pássaros).
            Ele procurou expressar, com sua arte, seus mais intensos sentimentos a respeito dos eventos do mundo. Capturou as dimensões psicológicas do período em imagens tão intensas e inesquecíveis quanto sequências oníricas perturbadoras. Mesmo assim, sua obra estava longe da pintura de sonhos. Sobre a pintura “Fireside Angel” (O Anjo Fireside), escreveu: “Pintei ‘Fireside Angel’ após a derrota dos Republicanos na Espanha. Claramente, esta obra tem um título irônico, já que retrata um monstro terrível que bota abaixo e destrói tudo o que vê em seu caminho. Foi esta a impressão que tive, à época, sobre o que iria acontecer no mundo, e eu estava certo”.
            A série de pinturas visionárias conhecidas como “Europe after the Rain” (A Europa Após a Chuva), foi produzida entre 1933 e 1942. Nelas, Ernst buscou tornar visíveis seus pensamentos. Usou de forma original a técnica da declomania, desenvolvida por seu amigo e pintor surrealista Dominguez. Ela consiste em colocar papel ou vidro em uma superfície pintada para retirá-los em seguida. Alguns surrealistas deixavam o resultado gerado intocado. Ernst desenvolve a técnica revelando formas mutantes escondidas de animais, seres humanos, selvas, cidades e florestas.
            O primeiro quadro da série “Europe after the rain” consiste na vista da terra e do mar por um piloto nas alturas da estratosfera. A paisagem é coberta pela junção de nuvens carregadas - uma encarnação visual da eminente guerra após a tomada do poder por Hitler, na Alemanha.
Ernst foi soldado na I Guerra Mundial e apoiou a Revolução Russa. Se opôs à ascensão do fascismo e protestou contra os Processos de Moscou de Stalin. Na França, foi perseguido pela Gestapo, após ter sido admitido por sua nacionalidade alemã. Todas essas experiências estão traduzidas em pinturas, que refletem a concepção do artista da gravidade do golpe à civilização dado pelo estalinismo e pelo fascismo.
            O último quadro da série data de 1942, e é certamente a obra que melhor expõe os devastadores ataques à humanidade. É a visão de Ernst da proximidade da destruição da civilização. De dentro da terrível paisagem, formas vivas começam a surgir das pedras e da vegetação e observam à sua volta, estarrecidas e incapazes de compreender a nova situação. Essas paisagens dos anos 30 e 40 representam seus sentimentos a respeito do progresso da humanidade. Ernst produziu outras pinturas usando a mesma técnica, obras também magníficas e perturbadoras, como “The Robing of the Bride” (O Vestido da Noiva), “Napoleon in the Wilderness” (Napoleão na Selva), “The Antipope” (O Antipapa), and “The Stolen Mirror” (O Espelho Roubado).

Principais obras de Max Ernst:

- C'est le chapeau qui fait l'homme (Este é o chapéu que faz o homem) - 1920
- Portrait d'Éluard (Retrato de Eluard) - 1921
- La Chute de l'Ange (A queda do anjo) - 1922
- La Femme chancelante (Mulher Instável) - 1923
- L'Armée céleste (O exército celestial) - 1925
- La Forêt (Floresta) - 1925
- Une semaine de bonté (Uma semana de bondade) -1934
- L'Ange du foye (O anjo da lareira) - 1937
- L'Europe après la pluie (A Europa depois da chuva) - 1942
- Le Roi joue avec la reine (O Rei brinca com a Rainha) - escultura de 1944
- Après moi le sommeil (Depois do meu sono) - escultura de 1958
- L'Immortel (O Importal) - escultura de vidro gigante de 1966
- Mon ami Pierrot (Meu amigo Pierrot) - 1974

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