Ernst (1891 - 1976) perdura como uma forte e influente figura das artes
visuais do século XX. A exposição possibilita examinar alguns temas de sua
obra. O que caracteriza a arte de Ernst, acima de tudo, são as mudanças
abruptas de direção e uma atitude de rigorosa autocrítica. Com a constante
transformação de suas imagens e técnicas ele expressa o desejo de recompor os
tumultuosos eventos que presenciou durante a primeira metade do século XX.
As primeiras obras de
Ernst, na mostra, são as suas pinturas-colagens, das quais a “Two Children are
threatened by a Nightingale” (Duas Crianças Ameaçadas por um Rouxinol),
aparenta ser a mais complexa. Estas são seguidas por uma sala dedicada à sua
série de pinturas murais, recuperadas da casa do poeta surrealista Paul Eluard,
no distrito de Eaubonne, em Paris. Foram produzidas em 1923, dentro do trabalho
poético conjunto realizado pelos dois artistas - “Les Malheurs des Immortals” (O
Mal dos Imortais). As pinturas entitulam-se “The Birds Cannot Disappear” (Os
Pássaros Não Podem Desaparecer), “At the First Clear Word” (Na
primeira Palavra Clara) e “Friendly Advice” (Conselho de
Amigo).
A exposição também
inclui muitas das suas obras com técnicas comofrottage e grottage,
iniciadas em 1925. Frottage consiste em colocar papel sobre
uma superfície e esfregá-lo com grafite preto; na grottageele
aplica camadas de tinta, a mais escura por último, e as raspa para revelar a
tinta mais clara. Ele aplicava incontáveis camadas de cores escuras, e então,
para criar cores excepcionais em seus quadros, as raspava revelando o branco
brilhante da tela. Rembrandt costumava usar técnica semelhante.
Ernst desenvolveu estas técnicas em suas visionárias obras “Forests” (Florestas),
“Cities” (Cidades), “Entire Cities” (Cidades Inteiras) e no seu
“Monument to the Birds” (Monumento aos Pássaros).
Ele procurou expressar,
com sua arte, seus mais intensos sentimentos a respeito dos eventos do mundo.
Capturou as dimensões psicológicas do período em imagens tão intensas e
inesquecíveis quanto sequências oníricas perturbadoras. Mesmo assim, sua obra
estava longe da pintura de sonhos. Sobre a pintura “Fireside Angel” (O Anjo
Fireside), escreveu: “Pintei ‘Fireside Angel’ após a derrota dos Republicanos
na Espanha. Claramente, esta obra tem um título irônico, já que retrata um
monstro terrível que bota abaixo e destrói tudo o que vê em seu caminho. Foi
esta a impressão que tive, à época, sobre o que iria acontecer no mundo, e eu
estava certo”.
A série de pinturas
visionárias conhecidas como “Europe after the Rain” (A Europa Após a Chuva),
foi produzida entre 1933 e 1942. Nelas, Ernst buscou tornar visíveis seus
pensamentos. Usou de forma original a técnica da declomania,
desenvolvida por seu amigo e pintor surrealista Dominguez. Ela consiste em
colocar papel ou vidro em uma superfície pintada para retirá-los em seguida.
Alguns surrealistas deixavam o resultado gerado intocado. Ernst desenvolve a
técnica revelando formas mutantes escondidas de animais, seres humanos, selvas,
cidades e florestas.
O primeiro quadro da
série “Europe after the rain” consiste na vista da terra e do mar por um piloto
nas alturas da estratosfera. A paisagem é coberta pela junção de nuvens
carregadas - uma encarnação visual da eminente guerra após a tomada do poder
por Hitler, na Alemanha.
Ernst foi soldado na I Guerra Mundial e apoiou a Revolução Russa. Se
opôs à ascensão do fascismo e protestou contra os Processos de Moscou de
Stalin. Na França, foi perseguido pela Gestapo, após ter sido admitido por sua
nacionalidade alemã. Todas essas experiências estão traduzidas em pinturas, que
refletem a concepção do artista da gravidade do golpe à civilização dado pelo
estalinismo e pelo fascismo.
O último quadro da
série data de 1942, e é certamente a obra que melhor expõe os devastadores
ataques à humanidade. É a visão de Ernst da proximidade da destruição da
civilização. De dentro da terrível paisagem, formas vivas começam a surgir das
pedras e da vegetação e observam à sua volta, estarrecidas e incapazes de
compreender a nova situação. Essas paisagens dos anos 30 e 40 representam seus
sentimentos a respeito do progresso da humanidade. Ernst produziu outras
pinturas usando a mesma técnica, obras também magníficas e perturbadoras, como
“The Robing of the Bride” (O Vestido da Noiva), “Napoleon in the
Wilderness” (Napoleão na Selva), “The Antipope” (O Antipapa), and
“The Stolen Mirror” (O Espelho Roubado).
Principais obras de Max Ernst:
- C'est le
chapeau qui fait l'homme (Este é o chapéu que faz o homem) - 1920
- Portrait d'Éluard (Retrato de Eluard) - 1921
- La Chute de l'Ange (A queda do anjo) - 1922
- La Femme chancelante (Mulher Instável) - 1923
- L'Armée céleste (O exército celestial) - 1925
- La Forêt (Floresta) - 1925
- Une semaine de bonté (Uma semana de bondade) -1934
- L'Ange du foye (O anjo da lareira) - 1937
- L'Europe après la pluie (A Europa depois da chuva) - 1942
- Le Roi joue avec la reine (O Rei brinca com a Rainha) - escultura de 1944
- Après moi le sommeil (Depois do meu sono) - escultura de 1958
- L'Immortel (O Importal) - escultura de vidro gigante de 1966
- Mon ami Pierrot (Meu amigo Pierrot) - 1974
- Portrait d'Éluard (Retrato de Eluard) - 1921
- La Chute de l'Ange (A queda do anjo) - 1922
- La Femme chancelante (Mulher Instável) - 1923
- L'Armée céleste (O exército celestial) - 1925
- La Forêt (Floresta) - 1925
- Une semaine de bonté (Uma semana de bondade) -1934
- L'Ange du foye (O anjo da lareira) - 1937
- L'Europe après la pluie (A Europa depois da chuva) - 1942
- Le Roi joue avec la reine (O Rei brinca com a Rainha) - escultura de 1944
- Après moi le sommeil (Depois do meu sono) - escultura de 1958
- L'Immortel (O Importal) - escultura de vidro gigante de 1966
- Mon ami Pierrot (Meu amigo Pierrot) - 1974
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