quarta-feira, 4 de abril de 2012

Marc Chagall


             Marc Chagall criou seu próprio mundo colorido de mitos e mágica, cheio de estranhas criaturas e eventos miraculosos. Ainda assim, sua arte foi essencialmente baseada em memórias e experiências reais, que ele transmutou no caldeirão de sua imaginação. Um homem quase inteiramente absorvido por seu trabalho e sua vida familiar, destinado a confrontar-se com as mais variadas culturas, a atravessar guerras e revoluções e a passar por fugas e exílio.
            Inevitavelmente, o fato de Chagall ser judeu tornou-se uma das principais ameaças à sua vida e sua arte. Ele teve que superar a oposição da família à sua escolha de carreira, porque violava a injunção bíblica conta a pintura de imagens; e, a fim de estudar na capital, São Petersburgo, ele teve de contornar as regulamentações czaristas que confinavam os judeus aos limites do gueto. Apesar de seu ar de desinteresse, Chagall conseguiu ambos.
            Após vários anos em São Petersburgo (1906-1910), Chagall começou a ganhar reputação quando um patrocinador generoso, Max Vinaver, forneceu-lhe os recursos para que se estabelecesse em Paris, na época a indiscutível capital da arte do mundo ocidental. Com Picasso, Braque e outros artistas hoje lendários em primeiro plano (o Cubismo e suas ramificações estavam revolucionando as artes visuais), Chagall explorou técnicas modernistas nunca abandonasse a tônica pessoal que já havia forjado.
            Paris tornou-se a "Segunda Vitebsk" de Chagall, e ele quase pretendeu se estabelecer lá permanentemente. Mas em 1914, quando estava em visita à Rússia, estourou a Primeira Guerra Mundial, e ele não pôde voltar. Em 1915, casou-se com Bella Rosenfeld, sua noiva desde 1909, celebrando seu amor em uma série notável de obras que continuou a pintar mesmo após a morte dela, trinta anos depois. Nessa época, conseguiu sobreviver à guerra trabalhando no         Departamento de Economia de Guerra e chegou mesmo a ressurgir, após a Revolução de Outubro de 1917, como Comissário de Arte em Vitebsk. O comissariado de Chagall encerrou-se em pouco tempo, em conseqüência de desentendimentos com seus colegas artistas, após o quê ele trabalhou como projetista de teatro em Moscou e lecionou por um período em colônias fundadas para órfãos de guerra. Finalmente, em 1922, como a atmosfera na União Soviética se tornasse progressivamente menos amistosa para sua arte apolítica, Chagall, Bella e sua filha Ida emigraram. Sua rápida visita havia durado oito anos.
            Em 1923, Chagall recebeu do famoso comerciante francês Ambroise Vollard a encomenda de ilustrar uma clássica novela russa, Almas Mortasm de Gogol. Os Chagalls se estabeleceram na França, e Marc ganhou uma nova reputação como ilustrador em guache e gravuras enquanto continuava sua carreira como pintor. Os anos que se seguiram foram felizes e prósperos, cheios de trabalho e viagens, mas os anos 1930 foram cada vez mais obscurecidos pela ascensão do facismo, refletido em obras sombrias como Crucificação Branca.
            Em 1937, Chagall naturalizou-se francês - um privilégio logo revogado quando estourou a Segunda Guerra Mundial e a França, derrotada pela blitzkrieg (tropa de choque alemã) nazista, foi dividida entre autoridades nazistas e colaboracionistas. Chagall demorou para perceber o perigo de sua posição como judeu e como um artista condenado pelos nazistas como "degenerado". Foi mesmo preso em abril de 1941, mas libertado graças à intervenção norte-americana, e apressadamente partiu para o exílio uma segunda vez.
            Passou os anos da guerra nos Estados Unidos, atormentado não apenas pelas notícias da guerra, mas também pela súbita morte de Bella, em 1944. Poucos anos depois iniciou um relacionamento com uma inglesa, Virginia Haggard, que durou até 1952. Enquanto isso, voltou à França em 1948, estabelecendo-se definitivamente no sul. Embora tenha viajado muito, os dias de fuga e exílio de Chagall haviam acabado, e seu casamento em 1952 com Valentine Brodsky trouxe-lhe a estabilidade de que precisava.
            O resto da longa vida de Chagall foi devotado a uma criatividade superabundante. Prolífico quase até o fim morreu com 97 anos, em 29 de março de 1985.

Principais obras do artista:

·         Eu e a princesa, 1911
·         O prometido, 1911
·         A Chuva, 1911
·         Maternidade, 1912
·         Paris à Janela, 1913
·         Sobre Vitebsk, c. 1914
·         Mania cortando o pão, 1914
·         O violinista verde, 1923-1924
·         A sirene, 1945
·         A Praça da Concórdia, Paris, 1960
·         Vila cinzenta, 1964
·         Cesta de frutas e ananás, 1964
·         O círculo vermelho, 1966
·         Alegria, 1980
·         Canção: A tora vermelha, 1981
·         O palhaço voador, 1981

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